“Partindo do princípio de que curar a terra e purificar o espírito humano são a mesma coisa, A Revolução de Uma Palha tem por objectivo mudar as nossas atitudes para com a Natureza, a agricultura, a alimentação e a saúde física e espiritual”.
Esta é a conclusão que aparece na contracapa do livro que, ao mesmo tempo, resume a obra escrita em 1975 por Masanobu Fukuoka, nascido no Japão em 1913 e considerado hoje em dia “um dos pioneiros da agricultura sustentável”.
Não é um livro fácil. Desde logo, pelo modo como é escrito – nas “Notas de Tradução”, está referido o desafio que constituiu a edição desta obra no ocidente, não só pelas subtilezas da língua japonesa, mas também, e talvez principalmente, pelas dificuldades em expressar toda a experiência pessoal e o percurso interior que o autor pretende transmitir, sem atropelar as subtilezas do contexto cultural próprio da obra original.
Centra-se no tema da agricultura mas, intencionalmente, espraia-se por diversos outros assuntos de um modo aparentemente desorganizado e pouco habitual para o comum dos leitores no ocidente (ver índice aqui).
“Se não fizéssemos absolutamente nada, o mundo não poderia continuar a girar. O que seria do mundo sem desenvolvimento?”
“Que necessidade existe em desenvolver? Se o crescimento económico subir de 5% para 10%, a felicidade duplica? Que mal há numa taxa de crescimento de 0%? Não é um tipo de economia assaz estável? Poderá haver algo melhor do que viver simplesmente e sem complicações?” *
Este revelou-se um livro surpreendente e desafiante, cuja descoberta não termina na primeira leitura. Por isto regressarei a ele.
* – Citação do subcapítulo que dá nome a este artigo – “Quem é estúpido?”, pág. 152.
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